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OPINIÃO: Escola sem partido. Mas temos escola?


Será que houve progresso no ensino? Ou tivemos um grande retrocesso na forma de ensinar e educar? Surgiram muitos teóricos da educação preocupados com a evolução, mas será que não levaram ao contrário uma involução? Sem a base formal é impossível construir algo sólido, que possa ter um crescimento contínuo como o próprio aprendizado, que só termina com a morte. Nós precisamos é aprender a aprender. Nos últimos 40 anos, criamos várias gerações com muitos direitos e poucos ou nenhum dever. Desequilibramos a balança. Muitos confundem o papel da escola com o papel da família. Educação se ensina em casa e instrução formal na escola.

Claro que a escola funciona como uma complementação da educação. Já tivemos excelentes escolas públicas, cito o Instituto de Educação Olavo Bilac, onde estudei três anos de jardim de infância até a 5ª série do Ensino Fundamental. Tínhamos acompanhamento, carinho, mas éramos cobrados para aprender. Tínhamos médicos na escola, dentistas, aulas de música, de artes, esportes, xadrez, disciplina e aprendíamos ou éramos incentivados a ter liderança. Não havia discriminação de classe social, de cor. Em todas as turmas, havia portadores de necessidades especiais que eram bem aceitos sem nenhum tipo de bullying, todos usávamos uniformes, forma mais democrática de socializar os desiguais. Tínhamos temas para fazer. No primeiro ano, minha mãe passava a tarde comigo me ajudando a fazer os temas. Queria ir brincar, mas ela dizia "só depois de fazer os temas". Aprendi minha primeira lição. Primeiro o trabalho, depois o lazer. Depois me obrigou a decorar a tabuada, sem tabuada não dá para aprender matemática. Mais uma vez ela estava certa.

Nunca tive problemas com a matemática ou números. Depois veio a leitura, livro da escola, livros de histórias, livros de ficção, mas me cobrava a leitura, e depois me perguntava o que tinha entendido da história. E o colégio, junto, ensinando e cobrando, até hoje lembro das minhas professoras, pelas quais tínhamos o maior respeito e carinho. Até a 4ª série eram professoras com formação no normal, não precisava ter curso superior, e eram boas, maravilhosas. Depois, fui para o colégio público Maria Rocha. Da minha turma de 30, no último ano, 26 entraram na UFSM em dois anos. Que colégio hoje consegue esse resultado? A base era bem feita, aprendemos a ler e a interpretar texto. Não existia analfabeto funcional. Não sabia, não passava, até aprender.

Hoje se busca índices de aprovação e não de aprendizagem. Nos mostravam todas as linhas de pensamento, e quando amadurecíamos escolhíamos a que mais nos era adequada ou que parecia melhor. Pois pela base desenvolvíamos um pensamento crítico construtivo. E não repetitivo como hoje, onde fica muito difícil ter uma argumentação lógica e racional. Nos não devemos discutir apenas a escola sem partido, mas, sim, a qualidade da escola que foi destruída. Precisamos investir no ensino básico, não em universidades burras, onde a maioria dos trabalhos de conclusão de cursos, dissertações de mestrados ou teses de doutorado não servem para nada. Chegou a hora de apostar na educação como única forma de mudar o destino de nosso país. Mas tenham certeza que vai levar 20 anos ou mais...

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